domingo, 10 de junho de 2012

Bem vindo a "Seu Sangue"


Olá! Seja bem vindo(a) a Seu Sangue!

Seu sangue foi concebido como livro, tradução direta do livro "Dit blod" da Organização Dinamarquesa de Doadores de Sangue, na época em que eu coordenava a Associação Brasileira de Voluntários do Sangue.

Infelizmente a falta de tempo e recursos fez com que eu me afastasse da associação, mas não da causa. Por isso, "Seu sangue" ressurge agora como blog - uma maneira simples e eficiente de não deixar que seu conteúdo importante se perca por falta de edição.

Os capítulos estão numerados no topo da página. A ideia é deixá-los disponíveis e ir trabalhando para atualizar o conteúdo e melhorar a arte do material, até poder transformá-lo em um e-book para distribuição gratuita.

Toda ajuda é bem vinda: na revisão do conteúdo, no design e ilustração do material, na configuração e divulgação do blog, na criação do e-book, etc. Se você topar ser um(a) voluntário(a) entre em contato comigo pelos comentários ou pelo email: umagoramelhor@gmail.com.

Espero que este material incentive mais pessoas a se tornarem doadores de sangue, salvando vidas!


Um abraço!
Letícia

Glossário e Bibliografia






Capítulo 1
  • Sangue – líquido vermelho, viscoso, que circula nas artérias e veias bombeado pelo coração, transportando gases, nutrientes e elemento necessários à defesa do organismo.
  • Transfusão – ato ou efeito de transfundi-se. 1. Passagem de um líquido de um vaso a outro. 2. Injeção de sangue ou de um de seus componentes na corrente sanguínea de um indivíduo.
  • Fleuma – na medicina antiga, humor corporal supostamente causador de indolência e apatia.
  • Bile – Substância amarelo-esverdeada secretada pelo fígado dos vertebrados e que atua no duodeno auxiliando na emulsificação e absorção das gorduras.
  • Sangria – um ato ou efeito de sangrar; sangradura. 2. Sangue retirado ou extravasado. 3. Extravasado de sangue provocada artificialmente. 4. Sucção de sangue por sanguessugas ou ventosas.
  • Artérias – vaso que transporta sangue oxigenado do coração para o resto do corpo, com exceção dos pulmões.
  • Veias – vasos de paredes delgadas através dos quais se dá o retorno do sangue para o coração.
  • Coagulação – passagem de um líquido ao estado sólido.
  • Hemorragia – escoamento de sangue fora dos vasos sanguíneos.
  • Anticoagulantes – substâncias que impedem a coagulação.
Capítulo 2
  • Pólipo uterino – crescimento de tecido do útero em resultado da hipertrofia do mesmo ou como um tumor verdadeiro.
  • Hemoterapia – tratamento em que o agente terapêutico utilizado é o sangue ou algum de seus componentes.
  • Réis – antiga moeda brasileira.
  • Receptor – pessoa que recebe, recebedor. Ex. o paciente que recebe o sangue.
  • Doador de reposição – doador convocado para repor o estoque de sangue usado por um familiar ou conhecido.
  • Voluntariado – conjunto daqueles que se dedicam a uma atividade por vontade própria (voluntários).
Capítulo 3
  • Célula – unidade microscópica estrutural e funcional dos seres vivos; constituída fundamentalmente de material genético, citoplasma e membrana plasmática.
  • Vasos – condutos que transportam os líquidos do corpo.
  • Glândula – célula, tecido ou órgão cuja função é elaborar certas substâncias que são usadas em outras partes do organismo (secreção) ou eliminadas (excreção). Por Ex, glândulas sudoríparas, que produzem o suor.
  • Microorganismo – qualquer organismo microscópico ou ultramicroscópico, como as bactérias, cianofíceas, fungos, leveduras, protistas e vírus.
  • Fagocitose – processo de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou pedaços de tecidos.
  • Medula Óssea – matéria que preenche as cavidades ósseas, formada de uma rede de tecido conjuntivo que contém fibras ramificadas e, entre as malhas, células de diferentes tipos, responsável pela produção de glóbulos vermelhos e brancos, e das plaquetas.
  • Trombose coronária – formação de um coágulo em um ramo das artérias coronárias que levam o sangue para o músculo cardíaco, resultando em obstrução da artéria e infarto da área cardíaca alimentada pelo vaso ocluído.
Capítulo 4
  • Cromossomos – estrutura composta da ADN, normalmente associada à proteína e que contêm genes arranjados em seqüência linear, visível ao microscópio durante a divisão celular.
Capítulo 5
  • Genótipo – composição genética de um indivíduo, mais freqüentemente usado a respeito de um gene ou grupo de genes.
  • Fenótipo – manifestação visível ou detectável de um genótipo.
Capítulo 6
  • Inaptidão – ausência de aptidão, de habilitação para fazer algo.
  • Carcinoma – tumor maligno epitelial ou glandular.
  • Hemodiálise – método de filtração do sangue por meio de um rim artificial.
  • Inimputabilidade jurídica – ausência de características pessoais necessárias para que possa ser atribuída a alguém a responsabilidade por um ilícito penal.
Capítulo 7
  • Tubo de Ensaio – recipiente cilíndrico de vidro ou plástico usado em laboratórios.
  • Hematoma – acumulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia (pequena ou grande).
Capítulo 8
  • Agentes Patogênicos – que provoca ou pode provocar, direta ou indiretamente, uma doença.
  • Espiroqueta – bactérias com formato de bastonetes flexíveis e espiralados, encontradas tanto em água doce como salgada.
  • Placenta – órgão vascular que une o feto à parede do útero materno, permitindo a passagem de materiais nutritivos e oxigênio para o sangue fetal e a eliminação do dióxido de carbono e resíduos nitrogenados.
Capítulo 9
  • Apirogênico – que não causa febre.
  • Fracionamento – separação de uma mistura de substâncias nos seus componentes através de determinado processo.
  • Insumo – elementos necessários para produzir mercadorias ou serviços.
Capítulo 10
  • Aorta – grande artéria que nasce do ventrículo esquerdo do coração e que, por meio de suas ramificações, distribui sangue arterial a todas as partes do organismo.
BIBLIOGRAFIA

JUNQUEIRA, Pedro C., ROSENBLIT, Jacob and HAMERSCHLAK, Nelson. History of Brazilian Hemotherapy. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. [online]. 2005, vol. 27, no. 3 [cited 2007-04-03], pp. 201-207. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842005000300013&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-8484. doi: 10.1590/S1516-84842005000300013

DANTAS, Marcos. O Poder do sangue: o apelo, as experiências e os relatos de um doador. Brasília: Ed. Thesaurus, 2002. 143p

HOUAISS, Instituto Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva, 2001.

http://www.wikipedia.org
http://www.cristina.prof.ufsc.br/seminarios_2005_1/sangue_med_7002_2005_1.doc

Capítulo 11 - Doador de sangue - Ser ou não ser?



Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a porcentagem mínima de doadores de sangue de um país deve ser de 3%. No Brasil, no entanto, apenas 1,7% a 1,8% da população com idade entre 18 e 65 anos doa. Destes, 50% são doações de reposição, feitas por familiares, amigos e conhecidos para pacientes específicos. Este valor é insuficiente para cobrir toda a necessidade de sangue. Este capítulo faz algumas considerações no que existe por trás de ser um doador de sangue e aponta possíveis razões para que uma pessoa não o seja.

Devo ou não devo?

O conhecimento da necessidade de sangue é o primeiro passo para que uma pessoa se torne doador. Sabe-se que a grande maioria das pessoas já escutou falar algo sobre a doação de sangue, algumas até consideraram tornar-se doadoras, mas a maioria nunca realmente chegou a fazê-lo. Existem algumas razões, emocionais e práticas, para isto.

Emocionais: podem estar relacionadas com o desagrado de ir a um hospital (por medo do contato com serviços hospitalares, medo de agulhas normalmente ligadas à sensação de dor; ou ainda, medo de entrar em pânico ou perder o controle sobre si de alguma forma durante a coleta). Ou com a sensação de que a contribuição feita é tão pequena em relação ao tamanho do problema que não existe razão para fazê-la. Doador ou não, a pessoa não sentiria uma mudança perceptível no quadro geral.

Práticas: como a impossibilidade de encontrar um horário conveniente, a distância do banco de sangue, ou a falta de conhecimento dos locais e horários existentes.

Também pode acontecer que essas razões se misturem formando uma explicação perfeitamente conveniente para não doar (»Não tive tempo«), quando na realidade o que existe é o medo de ser exposto a dor ligada com a picada da agulha.

Outra causa comum é a falta de informação que leva algumas pessoas a darem atenção a mitos como:
  • Doar faz mal a saúde. Na verdade, o risco de um acidente durante a doação é muito pequeno. Todo o material é descartável e o volume retirado é reposto rapidamente com a ingestão de líquido.
  • Doar engrossa ou afina o sangue. Nada disso, o organismo controla perfeitamente a reposição de volume e de hemácias, mantendo-os sempre na mesma quantidade.
  • Doar engorda ou emagrece. Nem uma coisa nem outra, nada é colocado na veia para que a pessoa engorde e o volume do sangue é rapidamente reposto.
  • Se a pessoa doar uma vez ficará obrigada a doar sempre. Não, uma pessoa saudável pode doar regularmente, mas a decisão final é sempre do doador;
  • É preciso estar em jejum para doar. Ao contrário, o doador deverá ter feito uma refeição leve.
  • Doar sangue vicia. Claro que não, se a pessoa não doar mais nada vai acontecer.
  • O sangue será comercializado. A Comercialização de sangue é crime previsto em lei.

Razões para se tornar um doador voluntário e regular

Como há uma grande necessidade de sangue para o tratamento de diversos pacientes é muito importante que todas as pessoas se conscientizem e decidam se querem ou não se tornar doador. O objetivo deste livro é garantir uma quantidade suficiente e precisa de informação sobre a doação de sangue, para que ninguém seja impedido de ser doador por falta de conhecimento.

Alguns dos motivos para ser um doador são morais, como por exemplo:
  • Doar sangue é uma boa causa porque ajuda a salvar vidas.
  • Altruísmo, ou seja, desejo de ajudar aos demais seres humanos.
Outras razões são mais pessoais, como:
  • Receber aprovação dos demais.
  • Garantir que sangue suficiente esteja disponível em caso de necessidade (pessoal ou de uma pessoa querida).
  • Bem-estar físico e mental após a doação.
  • Reposição de sangue usado (pessoal ou por alguém conhecido).
No Brasil, onde 50% das doações são para repor o estoque usado pelos pacientes, é muito comum que uma pessoa comece a doar sangue porque alguém conhecido precisou de uma transfusão e depois continue a doar voluntariamente apenas para ajudar a outros (a motivação passa de pessoal para moral).

Quem não pode doar sangue, pode doar suor!

Esse mote inventado pela “Voluntários do Sangue” hoje é usado em muitos países para animar àquelas pessoas que adorariam ser doadoras de sangue, mas infelizmente não podem.

De forma a proteger o doador de ficar doente por causa da doação e de proteger o receptor de receber um sangue que possa deixá-lo mais doente, há regras estritas dizendo quando você pode doar sangue e quando não pode devido a comportamento de risco, doenças, uso de medicamentos, etc. Essas regras são feitas por autoridades com base em fatores comprovados cientificamente que possam afetar a segurança quando da coleta ou transfusão de sangue.

Quem não pode doar sangue, sempre pode ajudar divulgando a causa para conhecidos e participando de organizações sociais como que promovem a causa. O trabalho voluntário também é essencial para garantir a doação de sangue no Brasil.

Voluntária, não remunerada e regular

Altruísmo significa ajudar aos outros sem esperar nada em troca, mostrando humanidade. Quando você doa sangue sem ser pressionado por ninguém e sem esperar ser pago, mas porque você entende que é certo, doar sangue é um ato de altruísmo. O altruísmo é crucial para manter um sistema de doação voluntário e não remunerado.

O Altruísmo está ligado à visão da natureza humana que considera todos como iguais e a valores como humanidade, responsabilidade, solidariedade e cidadania.

Além de afirmar que a doação de sangue deve ser voluntária, a lei brasileira sobre o fornecimento de sangue, estabelece que ela deve ser não remunerada, de forma que o dinheiro não se torne uma razão para que alguém doe.

Isso porque, o pagamento pelo sangue pode levar o doador, por causa do dinheiro, a não dar informações corretas sobre sua saúde, o uso de medicamento ou condutas que possam resultar em risco de infecção. Um valor, por menor que seja, pode tentar o doador a dar sangue muito constantemente ou agir de forma irresponsável consigo mesmo ou com o paciente que recebe o sangue.

Em outras palavras, o uso de doadores remunerados poderia aumentar o risco de receptores serem infectados pelo sangue ou do doador se machucar ao dá-lo. Para evitar estes riscos, a não remuneração é um princípio internacionalmente reconhecido e respeitado pela grande maioria dos países.

A regularidade na doação é importante, principalmente para dar segurança aos bancos de sangue e hemocentros, garantindo a realização de cirurgias e tratamentos sem risco de que o sangue falte.
A escolha é sua

Provavelmente a quantidade de sangue doada por um doador ao longo dos anos não corresponderá à quantidade de sangue que o mesmo poderia receber em transfusões. A maioria das pessoas, inclusive, espera nunca passar por uma situação em que precise de sangue. Entretanto, como sempre existem pacientes que precisam de doações, é crucial que sempre haja sangue disponível em situações críticas ou potencialmente fatais.

Por isso, coletar o sangue de doadores sempre diz respeito a garantir que vidas possam ser salvas quando em risco.

Se uma pessoa começar aos 18 anos e doar apenas duas vezes ao ano, não parando até atingir os 65 anos de idade, contribuirá com 94 bolsas, aproximadamente 42 litros de sangue e poderá salvar até 282 vidas.

Apenas algo entre 1,7% e 1,8% de brasileiros doam sangue atualmente, segundo dados da Anvisa, e isso é insuficiente para que o Brasil tenha segurança transfusional. Estima-se que 5.500 bolsas de sangue sejam necessárias por dia no país.

Além disso, o número de doadores pode diminuir devido à idade, doenças, e outras coisas, por isso, é sempre necessário que novos doadores entrem no sistema. Assim, jovens que podem doar por muitos anos são especialmente incentivados a participar.

Resumo e questões

Como cada pessoa é responsável pela própria vida, a sociedade não pode forçar ninguém a doar sangue. Em outras palavras, a doação de sangue deve ser voluntária e sem que haja a pressão de ninguém.

Os doadores de sangue devem ser não remunerados porque a coleta paga gera risco do doador sentir-se tentado a doar mesmo estando doente ou contaminado. Isso afetaria a qualidade do sangue e aumentaria o risco do paciente de ser infectado.

As razões pelas quais as pessoas não se voluntariam para ser doadoras são parte emocionais, por exemplo, medo (de agulhas ou em geral), e parte devido a circunstâncias práticas que a impeçam (horário, distância, etc.).

Dá mesma forma, como existem vários argumentos para não se doar sangue, há várias razões para fazê-lo. As razões morais estão ligadas ao desejo de se fazer o que é certo e bom e de ajudar ao ser humano como um todo. Este argumento está ligado ao altruísmo (desejo de ajudar aos outros e mostrar humanidade sem receber nada em troca). As razões pessoais normalmente estão ligadas a algum tipo de retorno não monetário pela doação.

Pessoas que não podem doar sangue podem ajudar dedicando tempo e talento pela causa, como voluntários.

Aproximadamente 1,7% da população brasileira doa sangue e cerca de 5.500 bolsas de sangue são necessárias por dia. Por isso, é tão importante que cada indivíduo saudável tome uma decisão e se torne um doador voluntário de sangue.

  1. Postule dois princípios importantes e imutáveis da doação de sangue no Brasil.
  2. Quais as razões para que alguém se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
  3. Quais as razões para que alguém não se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
  4. O que significa altruísmo?
  5. Quantas bolsas de sangue são necessárias no Brasil por dia?

Capítulo 10 - Usando o sangue



O sangue coletado dos doadores no banco de sangue é usado com diversos objetivos, mas sempre para benefício do paciente. Este capítulo fala sobre como o sangue é usado; quais pacientes em particular o recebem; as indicações para a sua aplicação; algumas organizações que trabalham com a causa e complicações que possam resultar de uma transfusão sanguínea.

Como o sangue doado é usado?

O sangue do doador é usado principalmente no tratamento direto de pacientes. Uma parte pequena, no entanto, é usada para checar a qualidade da produção; para ajustar aparelhos nos laboratórios hospitalares; ou, com o consenso do banco de sangue e do doador, para pesquisa.

O médico pode prescrever o sangue total ou um hemocomponente, de acordo com o motivo da transfusão. Normalmente, o sangue é usado apenas depois de ter sido separado em componentes. A separação aumenta a qualidade do sangue e possibilita que cada parte coletada ajude a um paciente diferente, evitando o desperdício.

Por fim, mas não menos importante, há o uso absolutamente “indireto” do sangue; o paciente não recebe nenhum sangue, mas os médicos nunca arriscariam começar um exame ou cirurgia complicada se não houvesse sangue disponível para o paciente no caso de uma complicação que causasse hemorragia.


O sangue do doador é usado tanto em conexão com acidentes e cirurgias como no tratamento de uma série de doenças.


Que tipos de pacientes recebem o sangue?

As transfusões de sangue são realizadas para aumentar a capacidade do sangue de transportar oxigênio, para restaurar o volume de sangue no organismo, para melhorar a imunidade ou para corrigir problemas na coagulação. Embora sejam normalmente associadas a acidentes e cirurgias, o sangue coletado também é usado no tratamento de uma série de doenças (em particular, no tratamento de tipos de câncer e de doenças do sangue).

Portadores de Talassemia Major

Também chamada de anemia do Mediterrâneo, a talassemia é hereditária e não contagiosa. O portador de talassemia produz glóbulos vermelhos menores e com menos capacidade de transportar oxigênio aos tecidos. Existem três tipos de talassemia, de acordo com a gravidade da doença:
  • Talassemia minor, ou traço talassêmico: não é considerada uma doença, mas uma característica genética. Não requer tratamento, mas é importante que a pessoa saiba se é portadora do defeito genético, pois ele pode ser transmitido aos filhos.
  • Talassemia intermédia: o paciente herda genes afetados do pai e da mãe, mas apresenta sintomas mais brandos que a talassemia major e não necessita de transfusões regulares de sangue.
  • Talassemia major: é o tipo mais grave da doença e acontece quando a pessoa herda os genes da talassemia, um do pai e outro da mãe. O gene da talassemia em dose dupla resulta em anemia tão severa que são necessárias transfusões de sangue regulares (a cada 20 dias) para a manutenção da vida.
Uma alternativa para cura definitiva da doença é o transplante de medula óssea, mas com chances de sucesso apenas em pacientes jovens, com irmão 100% compatível e sem complicações decorrentes de um tratamento inadequado.


ABRASTA – Associação Brasileira de Talassemia

Fundada em 6 de agosto de 1982 por um grupo de pais de portadores de talassemia, a ABRASTA é uma entidade beneficente sem fins lucrativos que tem como objetivos: divulgar a talassemia; proporcionar tratamento adequado; dar suporte às famílias após o diagnóstico e incentivar a adesão de doadores de sangue.

Portadores de talassemia, familiares, profissionais de saúde ou quaisquer outros interessados, de qualquer estado do país que tenham dúvidas sobre a doença podem contatar a ABRASTA pelo número gratuito 0800 773 9973, ou (11) 3149-5190, e pelo e-mail: abrasta@abrasta.org.br.


Portadores de Câncer

Uma grande parte do sangue doado é utilizada no tratamento de pacientes com câncer. Estes pacientes normalmente possuem anemia uma vez que sua produção de glóbulos vermelhos na medula óssea é impedida pela quimioterapia. Os sintomas da anemia são palidez, fadiga, tontura e dispnéia após esforço físico.


ABRALE - Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia

Informação, Educação, Apoio e Política são as áreas de atuação mais importantes e efetivas da ABRALE, fundada com o compromisso de mudar a história da Onco-Hematologia brasileira.

O Portal ABRALE (www.abrale.org.br) já se tornou referência na Onco-Hematologia. O site é atualizado diariamente com informações sobre as doenças, tratamentos e pesquisas.

Dúvidas podem ser esclarecidas por pacientes de qualquer lugar do Brasil por meio de ligações gratuitas para a linha 0800-773-9973, via e-mail abrale@abrale.org.br ou ainda pela seção “Fale Conosco” do site.


Doenças cardiovasculares e pulmonares

O sangue coletado é usado em diversas cirurgias, mas especialmente em pacientes com arteriosclerose nas artérias coronárias ou na aorta. Normalmente, estas doenças são tratadas em operações onde apenas uma pequena parte de glóbulos vermelhos é usada. No entanto, não é a quantidade usada por vez, mas o grande número de operações realizadas que são a causa da grande necessidade por sangue. No caso de cirurgias da aorta, a parede vascular pode se romper, causando uma hemorragia, que normalmente levam ao uso de 20-50 bolsas de glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma.

Pacientes com grande perda de sangue (hemorragias)

Entre outros, este grupo de pacientes inclui os acidentados, por exemplo, no trânsito. Outros podem ser pacientes de úlceras estomacais com sangramento, hemorragia intestinal ou hemorragias pós-parto. A perda do sangue nem sempre precisa ser reposta com o sangue coletado, se o sangramento não for severo, o soro fisiológico pode ser suficiente. Em casos de hemorragia severa, é necessário transfundir glóbulos vermelhos correspondente à quantidade de sangue perdida e complementar com plasma e plaquetas.

Como cada hemocomponente é usado?

De todas as células no sangue, apenas as hemácias e as plaquetas são usadas no tratamento de pacientes.
As hemácias (concentrado de hemácias) são usadas para casos de hemorragias, operações e tratamentos de anemia.

As plaquetas (concentrado de plaquetas) são aplicadas em casos de hemorragia ou se a produção do paciente for insuficiente, por exemplo, devido a um câncer.

O plasma (fresco congelado) é usado em pacientes com falta de fatores participantes do processo de coagulação do sangue (por diminuição da produção, como em pacientes com cirrose, ou por aumento no consumo, como, por exemplo, em algumas infecções muito severas) e apresenta hemorragia ao mesmo tempo.

Normalmente os glóbulos brancos não são usados. Ao contrário, a quantidade de glóbulos brancos restantes é reduzida ao máximo através, por exemplo, de filtragem, uma vez que pode causar mais mal que bem aos pacientes.

A manufatura e o uso dos hemoderivados (produzidos do plasma)

O plasma que não é utilizado imediatamente nos pacientes é usado na produção de concentrados de proteínas encontradas no sangue (hemoderivados), por exemplo, a imunoglobulina e a albumina. Essa produção acontece em fábricas no Brasil e em outros lugares do mundo de onde o nosso País exporta. Na manufatura, 10-100,000 bolsas de plasma são misturadas em um grande container e expostas a vários processos químicos e físicos que fazem com que as proteínas se precipitem. Elas são retiradas para a continuidade do processamento, que incluí a eliminação de vírus, através do tratamento com calor e com produtos químicos.


Entre outras coisas, o plasma é usado na produção de diferentes tipos de hemoderivados:
  • Imunoglobulinas, usada no tratamento e prevenção de doenças infecciosas;
  • Protrombínicos, que impedem o sangue coagular;
  • Albumina, usado em tratamentos de choque e operações;
  • Fatores VII, VIII e IX, garantem a coagulação do sangue, e são usados no tratamento de pacientes com hemofilia, especialmente em forma de crioprecipitado.

O plasma restante, pobre em proteínas, ainda pode ser usado no tratamento de queimaduras.


Quando o sangue ou um de seus componentes deve ser aplicado?

Antes da transfusão de um hemocomponente, o médico deve prescrever a indicação de seu uso no paciente em sua ficha médica. Isso significa que o médico precisa considerar o seguinte antes:
  • O paciente conseguiria melhorar com alguma outra coisa além de sangue, por exemplo, soro, glicose ou albumina?
  • Qual a parte do sangue que o paciente realmente precisa?
Muitas pessoas, principalmente as mais jovens com um funcionamento normal do coração agüentam sem nenhum problema perder até um pouco mais que 1 litro de sangue (20% do volume total de um adulto) sem precisar que ele seja reposto com glóbulos vermelhos. No lugar de uma transfusão de sangue, o médico deveria escolher o uso do soro fisiológico que tem a condição de manter o total do volume do sangue estável ou optar por tratamento medicamentoso. Em retorno, evitam-se algumas das complicações que podem ocorrer devido à transfusão do sangue de outra pessoa.

Complicações que podem advir da transfusão de hemocomponentes

Complicações ligadas à transfusão de sangue não acontecem com tanta freqüência como antes. Mas, há três tipos de complicações que podem ocorrer quando se faz uma transfusão de sangue:

  1. Complicações imunológicas: causadas pela incompatibilidade entre o sangue do doador e do receptor, ou seja, quando o anticorpo no sangue de um reage com os antígenos no sangue do outro.
  2. Infecções: complicações com infecções que acontecem pela transmissão de bactérias, parasitas ou vírus contidos no sangue do doador. Uma pessoa pode, por exemplo, ter uma bactéria em seu sangue até 24h depois de ter ido a um dentista. Bactérias também podem aparecer durante a produção dos hemocomponentes, especialmente na produção de plaquetas, que são estocadas a 22°C, uma temperatura propícia ao crescimento destas.
Um vírus pode ser transmitido pelo doador se este já o tivesse em seu sangue. São de particular preocupação os vírus da hepatite e o HIV. Para evitar a transmissão, o doador é perguntado sobre seu comportamento e o risco de infecções, de forma a excluir-se o período da janela imunológica, e cada bolsa coletada passa por exames sorológicos.

  1. Erro Humano: Um tipo de erro pode ser, por exemplo, a transfusão de uma bolsa para o paciente errado. A bolsa foi rotulada com a informação de um paciente e destinada a ele, mas ainda assim acabou sendo usada no paciente errado. Ou a bolsa é transferida para o paciente certo, mas possui o tipo de sangue ou o hemocomponente errado.
Febres e alergias de pele são raras porque hoje apenas componentes são usados em lugar do sangue todo. Desta forma, evita-se dar ao paciente um sangue com grande quantidade de glóbulos brancos que podem causar esse tipo de complicação.

Resumo e questões

O sangue coletado do doador é diretamente usado no tratamento de pacientes. Uma pequena parte é usada para checar a qualidade da produção, para ajuste de aparelhos no laboratório hospitalar, e para pesquisa. O Plasma é usado para a produção dos hemoderivados como a imunoglobulina e a albumina. E o estoque também é usado como rede de segurança para casos de pequenas operações terem complicações inesperadas como hemorragias.

Os hemocomponentes são usados no tratamento de pacientes com câncer, cirurgias (especialmente cardiovasculares e pulmonares), hemorragias externas (ferimentos) e internas (doenças do aparelho digestivo, por exemplo), e tratamento de doenças do sangue (talassemia, por exemplo).

As hemácias são usadas no caso de hemorragia e no tratamento de anemia. As plaquetas em caso de hemorragia ou falta de plaquetas; e o plasma é dado a pacientes com falta de fatores de coagulação do sangue, ou fracionado em hemoderivados para tratamentos diversos.

Antes de transfundir um componente, o médico deve considerar se o paciente não poderia receber outra coisa no lugar do sangue, como soro ou albumina, e qual parte do sangue o paciente realmente precisa.

Complicações na transfusão são raras e estão divididas em imunológicas – causadas pela incompatibilidade entre o sangue do doador e do receptor; infecciosas – causadas pela transmissão de bactérias e/ou vírus; e causadas por erro humano.

  1. Coloque quatro áreas principais em que os hemocomponentes são usados.
  2. Em que condição particular cada componente é usado?
  3. O que poderia ser usado no lugar de hemocomponentes?
  4. Que tipos de complicações ocorrem quando da transfusão de sangue?

Capítulo 9 - A manufatura e o armazenamento dos componentes do sangue


O sangue coletado deve ser usado nos pacientes da forma mais segura e benéfica possível.

A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária considera o preparo do sangue e hecomponentes de grande importância e por isso, estabeleceu desde 2004 uma resolução que determina o Regulamento Técnico para os procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, todos os testes relacionados ao sangue e hemocomponentes como sorologia e tipagem Rh, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso do sangue e hemocomponentes. Esta resolução aborda coleta do sangue total de doadores voluntários, a coleta do sangue do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea.

O preparo dos hemocomponentes

Durante a doação, o sangue, de um único doador considerado saudável, é coletado em bolsas plásticas quádruplas. O conjunto de bolsas é considerado estéril e apirogênico e deve ser usado somente uma vez.

O sangue coletado é armazenado em uma bolsa principal contendo uma solução necessária para que o sangue não coagule dentro da bolsa.

Após a coleta, o sangue deve ser centrifugado para separar por densidade celular seus componentes. Após a centrifugação, os lacres na parte superior e inferior da bolsa de coleta devem ser quebrado. Por expressão automatizada, o plasma é transferido para a bolsa superior; ao mesmo tempo, o concentrado de hemácias é transferido para a bolsa inferior que contém SAG-manitol (solução preservante para o armazenamento de hemácias).

No final da expressão do plasma e do concentrado de hemácias temos no interior da bolsa principal uma camada leucoplaquetária que deverá ser centrifugada novamente para a produção do concentrado de plaquetas.

Assim, o sangue total coletado de um único doador é dividido em 3 hemocomponentes diferentes, que devem ser armazenados em condições distintas de acordo com o indicado para um. Todos os hemocomponentes provenientes de sangue total são identificados com uma combinação única e clara de números tornando possível rastrear o local de coleta, o preparo de cada hemocomponente, o armazenamento e em qual paciente foi transfundido.

Armazenando os hemocomponentes

Algumas regras específicas sobre o armazenamento de cada componente do sangue foram estabelecidas e falam principalmente sobre a temperatura do armazenamento, já que o prazo de validade, que pode variar de 21 dias a 42 dias, depende do tipo de bolsa e preservantes utilizados.

Os concentrados de hemácias devem ser armazenados em geladeiras ou câmaras com temperatura de 2 a 6 graus, quando preservados em SAG-manitol tem validade de 42 dias.

Os concentrados de plaquetas devem ser armazenados em agitadores constantes para auxiliar a troca gasosa através da bolsa plástica em temperatura de 20 a 24 ºC durante, no máximo, 5 dias.

O plasma fresco congelado deve ser armazenado em temperaturas de 18 ºC negativos ou menos com validade de um ano. Após este período, este passa a ser considerado plasma simples e tem validade de mais 4 anos.

Quando se armazena sangue, a temperatura deve ser medida e registrada continuamente (cerca de 6 vezes ao dia) ou por meio de registradores gráficos de temperatura.

Cabines de resfriamento e salas de armazenamento de hemocomponentes devem ser limpas cuidadosamente e não podem ser usadas para guardar comida, amostras de urina ou tecido, ou qualquer outro item que possa transmitir vírus ou bactérias para os componentes do sangue. 
Liberação de hemocomponentes
Após o preparo, todos os hemocomponentes devem ser armazenados em estoque de quarentena de acordo com as temperaturas estabelecidas até que todos os resultados dos testes de sorologia e tipagem estejam disponíveis.

Os hemocomponentes liberados para uso devem ser separados dos hemocomponentes que ainda aguardam os testes de sorologia e tipagem e os liberados devem ser disponibilizados para uso em pacientes.

Controle de qualidade

Para garantir a qualidade dos hemocomponentes, uma amostragem deste e dos insumos utilizados para coleta do sangue total são avaliados pelo controle de qualidade. Os resultados dos testes devem estar dentro dos padrões de qualidade estabelecidos ou o sangue será descartado.

De forma a evitar a ocorrência de erros, todos os procedimentos são descritos minuciosamente. Qualquer procedimento diferente destas instruções deve ser descrito em um relatório especial, de onde é possível verificar como foram feitos e possíveis erros dos mesmos, diminuindo os riscos futuros. Desta forma, toda a produção passa por um processo contínuo da garantia da qualidade.

Resumo e questões

Durante a coleta, o sangue é colocado em uma bolsa de plástico, parte de um conjunto de quatro bolsas conectadas por tubos. Após a coleta, o sangue é centrifugado de forma a ser dividido em três camadas na bolsa principal, de acordo com a sua densidade. Cada camada é transferida para sua própria bolsa. As bolsas são separadas, possibilitando que cada conteúdo seja estocado em ótimas condições, de acordo com seu padrão específico. Cada um dos três componentes é armazenado de forma própria para que fique tão fresco quanto possível. O prazo de validade de cada bolsa depende ainda da temperatura.

Antes dos componentes do sangue serem usados, análises são feitas, verificando, por exemplo, o tipo sanguíneo e a existência de infecções. Para descobrir se a qualidade dos hemocomponentes é boa, são feitas também checagens aleatórias de acordo com um padrão de qualidade estabelecido.

  1. Nomeie os hemocomponentes que separados na bolsa da coleta.
  2. Como é feita a separação?
  3. Qual o prazo de validade de cada componente?
  4. Como o sangue é testado antes de ser usado nos pacientes?

Capítulo 8 - Examinando o sangue do doador



O exame ou análise do sangue doado contribui para a segurança do sistema de doação de sangue brasileiro. Além da entrevista mencionada no capítulo 7, e como forma de complementar os procedimentos de segurança, uma amostra de sangue é separada a cada coleta. A amostra do sangue é analisada e utilizada para verificar o tipo sanguíneo e a incidência de doenças infecciosas.

A cada visita ao banco de sangue o doador passa pela avaliação médica e pela entrevista, o sangue é coletado e, além dos 450ml, uma pequena amostra é retirada. Este capítulo trata sobre a análise desta amostra.

Analisando o sangue (Testes de Triagem Sorológica)

Antes de o sangue ser liberado para a transfusão, ele é analisado para verificar a presença de anticorpos ou de agentes patogênicos causadores de doenças infecciosas que podem contaminar o receptor. O sangue só é liberado para a transfusão se os resultados das análises obrigatórias forem todos negativos.



Os vírus, contra os quais o sangue é analisado, podem ser transmitidos das seguintes maneiras:
          • Transferência de sangue (por exemplo, uso de agulhas não esterilizadas);
          • Relações sexuais
          • De mãe para filho antes ou durante o nascimento, e durante a amamentação.



Os testes de triagem sorológica são realizados nos laboratórios onde especialistas são responsáveis pelas análises. As autoridades da saúde (Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelecem as diretrizes de como o sangue deve ser analisado e quais são os testes que devem ser realizados. Por isso eles são chamados de análise obrigatória (Resolução RDC 153 de 14 de junho de 2004).

As análises obrigatórias atualmente incluem: 

HIV - Pesquisa de anticorpos anti-HIV Tipos I e II
Como mencionado, o HIV é a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana (VIH em português). Cuja infecção, após um período de 5 a 15 anos, pode causar a AIDS. O método utilizado pelos bancos de sangue para detectar a infecção pelo vírus HIV é o mesmo usado pelos laboratórios em geral. Mas para garantir a segurança na transfusão sanguínea, é importante que as análises feitas pelo banco de sangue não sejam consideradas como uma maneira de conseguir “resultados de teste de HIV” isso é importante para evitar que pessoas possivelmente expostas ao vírus doem sangue. O sangue não pode ser coletado de uma pessoa que tenha o mínimo risco de ter sido infectada pelo HIV, esta deve procurar um laboratório ou serviços públicos (como o CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento) que oferecem serviços gratuitos com esse objetivo no país.


Nos Centros de Testagem e Aconselhamento os pacientes podem escolher o médico de sua preferência e realizar os testes de forma anônima e gratuita. A lista está disponível no site:  http://www.aids.gov.br/tipo_endereco/centro-de-testagem-e-aconselhamento


Hepatite tipo B - Pesquisa de antígeno de superfície (AgHBs) e Pesquisa de anticorpos anti-HBc.
Se um adulto for infectado com o vírus da hepatite B, ele provavelmente desenvolverá a hepatite com icterícia três ou quatro meses após a infecção. Após mais 3-6 meses, a pessoa normalmente se recupera e fica sem o vírus.

Porém, em alguns casos, a pessoa não chega a ficar doente, mas o vírus fica no organismo, podendo infectar outras pessoas. Eventualmente em 20-30 anos, o indivíduo poderá desenvolver cirrose ou câncer do fígado. A infecção é particularmente preocupante em adultos com baixa imunidade e crianças.
  
Hepatite tipo C – Pesquisa de anticorpos anti-HCV
Quase sempre, não se observam sintomas na primeira parte da doença, entretanto, o vírus fica no organismo e aumenta o risco do desenvolvimento de cirrose ou câncer de fígado em 20-30 anos após a infecção ter acontecido.

Normalmente a transmissão da hepatite C ocorre através do sangue, razão pela qual o vírus HCV é muito comum entre usuários de drogas injetáveis que partilham seringas, onde um resíduo de sangue pode ser normalmente encontrado. Há poucos casos identificados em que ele tenha sido transferido sexualmente ou da mãe para a criança.

HTLV tipos I e II – Pesquisa de anticorpos anti HTLV I/II
O vírus T-linfotrópico humanos (HTLV) tipo I pode levar ao desenvolvimento da leucemia / linfoma de células T do adulto e a paraparesia espástica tropical (mielopatia) que é uma doença neurológica. O HTLV II foi associado com raros casos de doenças neurológicas.

Sífilis
É uma doença sexualmente transmissível conhecida também como lues, causada por uma espiroqueta conhecida como Treponema pallidum.
A doença é transmitida, principalmente, por contato sexual, da mãe para o feto pela placenta durante a gestação (sífilis congênita), e também por transfusão sangüínea.

Doença de Chagas – Pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi
É uma infecção cujo agente causador da doença é um protozoário. Normalmente é transmitido ao homem pelas fezes do inseto conhecido popularmente como "bicho-barbeiro", "procotó", "chupança", "percevejo-do-mato", "gaudércio", etc. A transmissão pode ser feita também pela transfusão sangüínea, placenta e pelo aleitamento materno.

Resultado: Reativo

Se a análise do sangue apresentar resultado reativo durante a primeira análise, a amostra é testada mais duas vezes, usando-se a mesma técnica. Se na análise de repetição a amostra continuar apresentando resultado reativo, a bolsa de sangue é descartada e o doador é convocado pessoalmente pelo banco de sangue para coletar uma segunda amostra e realizar testes adicionais, além de oferecer orientação ao doador de acordo com a doença para a qual o resultado foi reativo.

Embora o índice de doadores portadores de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue seja baixo, é importante que todos os doadores estejam conscientes da necessidade de se responder à entrevista clínica com honestidade e de não considerar o sistema de doação de sangue como um meio para obter resultados de exames laboratoriais.

A janela-imunológica ou o período soro-negativo

Como mencionado, a entrevista e a análise do sangue são precauções de segurança complementares com a intenção de identificar doadores cujo sangue possa estar contaminado e infectar aos pacientes com agentes patogênicos como vírus do HIV, HTLV I/II, Hepatites B e C, protozoários como o que causa a doença de Chagas e bactérias espiroquetas que causam a Sífilis.

Os testes sorológicos normalmente detectam doadores que tenham criado anticorpos contra o agente patogênico ou o próprio vírus como no caso da Hepatite B. E as respostas às perguntas da entrevista aumentam a chance de identificar doadores que tenham sido infectados recentemente (que tem quantidades significativas de vírus em seu sangue), mas ainda não tenham formado anticorpos contra os mesmos.

A janela imunológica é um termo referente àquelas semanas em que o doador carrega o vírus em seu corpo, mas ainda não formou anticorpos contra ele. O termo é usado devido a uma falha (uma janela aberta) existente no processo da análise. Este período também é chamado de soro-negativo, porque é o período em que a busca por anticorpos no plasma é negativa, mesmo existindo a infecção.

A primeira vez que o doador entra em contato com o vírus estranho (primeira imunização), o processo de formação de anticorpos demora um certo tempo. Por isso, o doador é mais infeccioso neste período em que a concentração do vírus é mais alta e ainda não existem anticorpos contra ele. Leva-se cerca de 3-12 semanas para que o processo de análise consiga detectar os anticorpos e assim, mostrar que o doador está realmente  infectado com o vírus do HIV. Estima-se que o risco de se contrair o vírus do HIV em uma transfusão de sangue no Brasil é de 1 em 60-120 mil transfusões.

Já a hepatite B, leva de 3-16 semanas após a infecção para ser detectada no sangue. Estima-se que uma infecção por hepatite B aconteça a cada 15-30 mil transfusões realizadas. A Hepatite C tem uma janela soro-negativo infecciosa de 8-24 semanas após a infecção. E supõe-se que a transmissão do vírus da Hepatite C aconteça 1 a cada 10-20 mil transfusões.

Devido à janela imunológica, os testes sorológicos não conseguem evitar a contaminação de agentes patogênicos na transfusão em 100% dos casos. A entrevista clínica é essencial para identificar doadores recém infectados que podem estar no período da janela imunológica, e por isso, é de grande importância que o doador informe sobre sua conduta, o chamado comportamento de risco, que possa levar a contração de uma doença. Ou, em último caso, use do “voto de auto-exclusão” para certificar-se de que não prejudicará ninguém. O voto de auto-exclusão é um sistema adotado pelos bancos de sangue para dar a oportunidade ao doador de dizer que ele não quer que seu sangue seja utilizado para transfusão sanguínea porque ele tem comportamento de risco para doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue. 
Alarme falso – falso positivo
Um resultado falso positivo indica que o teste apresentou resultado reativo na amostra do doador, mesmo este não estando doente. Felizmente casos como este acontecem em índices bastante baixos.

Falsos positivos acontecem porque as técnicas de sorologia usadas atualmente são tão sensíveis que podem mostrar uma reatividade não específica mesmo que não existam anticorpos contra o agente patogênico na amostra de sangue do doador. Você pode compará-las com um alarme contra assaltos hipersensível acionado por um ratinho curioso. O alarme toca, mas você não tem como saber apenas pelo seu barulho se foi apenas um ratinho ou se realmente há um ladrão na casa.

O teste possui três resultados possíveis:
  1. positivo, é detectada a infecção; e o doador é informado pelo banco de sangue dos locais para tratamento e sobre o risco de contaminar outras pessoas.
  2. negativo, não é detectada infecção; e o doador pode voltar a doar normalmente.
  3. ou inconclusivo, ou seja, não é possível dizer com segurança se a reação foi causada por anticorpos específicos do agente causador da infecção encontrados na amostra de sangue do doador.

Quando se realiza uma análise obrigatória, todas as amostras que apresentarem resultados reativos (reações mais fortes que os estabelecidos como sendo negativos) são testadas novamente usando-se técnicas mais aperfeiçoadas (testes confirmatórios). Essas técnicas conseguem determinar a reação de uma forma mais apurada e o resultado do segundo teste é sabido em algumas semanas.

Se o teste sorológico não apresentar um resultado reativo baixo e o teste confirmatório der inconclusivo, pode-se ser interpretar de duas formas: a) possivelmente a pessoa está infectada, mas ainda não formou anticorpos suficientes para produzir um resultado conclusivo do teste. b) o teste pode estar apresentando um resultado falso positivo.

Nestes casos, sugere-se que após alguns meses, outra amostra de sangue seja coletada e analisada. Se o doador estiver infectado com o vírus, a quantidade de anticorpos terá aumentado consideravelmente no período e a reação ao exame será definitivamente positiva. Este resultado mostrará que os anticorpos estavam presentes no sangue coletado. Se o doador não estiver infectado com o vírus, a reação do teste continuará inconclusiva ou pode ser definitivamente negativa. Entretanto, como ainda não é possível eliminar a possibilidade do doador ter sido infectado e formado anticorpos entre as duas doações, é impossível dizer com certeza que o resultado do teste é negativo.

Quando o resultado de três coletas estiver disponível, e pelo menos um ano tiver passado entre a primeira e a terceira coleta, se a reação continuar inconclusiva, podemos supor que:
  • Essa condição provavelmente não mudará (para a preocupação do doador);
  • O sangue do doador será provavelmente descartado a cada coleta;
  • O doador não está infectado, mas isso não pode ser comprovado até meses após cada coleta.

De forma a encontrar uma solução para essa situação, o médico do banco de sangue conversará com o doador e, normalmente, o aconselhará a esperar por pelo menos um ano, explicando que as precauções de segurança exigem que o seu sangue não seja usado até que se prove que ele não está infectado, mesmo esta probabilidade sendo mínima.

Resumo e questões

Junto com cada coleta, uma amostra de sangue é retirada e usada para verificar o tipo sanguíneo e para se fazer os testes de triagem sorológica.

Uma série de possíveis infecções é testada no sangue, normalmente verificando a existência de anticorpos contra vírus. As autoridades da saúde decidem quais infecções serão buscadas. Atualmente, todo o sangue doado é analisado para HIV tipos I e II; hepatite B e C e HTLV tipos I e II, Sífilis e Doença de Chagas.

Se as análises obrigatórias não detectarem infecções no sangue, ele pode ser liberado para a transfusão. Se o exame for reativo, o teste é repetido mais 02 vezes. Se apenas um destes testes der 100% negativo, o sangue não será liberado, e um novo teste, usando uma técnica diferente de análise, deverá ser realizado (teste confirmatório).

O resultado do teste confirmatório pode ser ou positivo – a infecção é detectada no sangue; ou negativo – a infecção não é detectada; ou inconclusivo – o resultado não pode ser determinado. O resultado inconclusivo significa que a técnica de exame é incapaz de determinar definitivamente se a infecção existe ou não no sangue. Este tipo de resultado normalmente é causado por técnicas de análise tão sensíveis que podem reagir mesmo não existindo nada no sangue.

No período de janela imunológica, o exame pode mostrar um resultado negativo mesmo que o sangue ESTEJA infectado. A janela imunológica é um termo que se refere àquelas semanas em que o doador carrega o vírus, mas ainda não desenvolveu os anticorpos contra o mesmo. Para atingir o máximo grau de segurança possível, inclusive durante o período da janela imunológica, é essencial que as perguntas feitas durante a entrevista sejam respondidas pelo doador com cuidado e honestidade. A entrevista e a sorologia são complementares, já que mesmo contaminado o resultado do exame pode ser negativo durante o período da “janela imunológica”. A entrevista, no entanto, pode indicar que o risco da infecção existe.

Quando o resultado do teste é positivo, mostrando que o sangue está contaminado, o médico do banco de sangue informará pessoalmente ao doador, e somente a este, o resultado; indicando as opções existentes de acordo com cada doença.

  1. Para que é usada a amostra de sangue retirada no dia da coleta?
  2. Quais infecções são testadas na sorologia?
  3. Como se chama o período em que o doador carrega a infecção, mas não tem quantidade suficiente de anticorpos para que esta seja detectada?
  4. O que significa um teste falso positivo?