Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS) a porcentagem mínima de doadores de sangue
de um país deve ser de 3%. No Brasil, no entanto, apenas 1,7% a 1,8% da
população com idade entre 18 e 65 anos doa. Destes, 50% são doações de
reposição, feitas por familiares, amigos e conhecidos para pacientes
específicos. Este valor é insuficiente para cobrir toda a necessidade de
sangue. Este capítulo faz algumas considerações no que existe por trás de ser
um doador de sangue e aponta possíveis razões para que uma pessoa não o seja.
Devo ou não devo?
O conhecimento da necessidade de sangue é
o primeiro passo para que uma pessoa se torne doador. Sabe-se que a grande
maioria das pessoas já escutou falar algo sobre a doação de sangue, algumas até
consideraram tornar-se doadoras, mas a maioria nunca realmente chegou a
fazê-lo. Existem algumas razões, emocionais e práticas, para isto.
Emocionais: podem estar relacionadas com o desagrado de ir a um
hospital (por medo do contato com serviços hospitalares, medo de agulhas
normalmente ligadas à sensação de dor; ou ainda, medo de entrar em pânico
ou perder o controle sobre si de alguma forma durante a coleta). Ou com a
sensação de que a contribuição feita é tão pequena em relação ao tamanho
do problema que não existe razão para fazê-la. Doador ou não, a pessoa não
sentiria uma mudança perceptível no quadro geral.
Práticas: como a impossibilidade de encontrar um horário
conveniente, a distância do banco de sangue, ou a falta de conhecimento
dos locais e horários existentes.
Também
pode acontecer que essas razões se misturem formando uma explicação
perfeitamente conveniente para não doar (»Não tive tempo«), quando na realidade
o que existe é o medo de ser exposto a dor ligada com a picada da agulha.
Outra
causa comum é a falta de informação que leva algumas pessoas a darem atenção a
mitos como:
- Doar faz mal a
saúde. Na verdade, o risco de um
acidente durante a doação é muito pequeno. Todo o material é descartável e
o volume retirado é reposto rapidamente com a ingestão de líquido.
- Doar engrossa
ou afina o sangue. Nada disso, o
organismo controla perfeitamente a reposição de volume e de hemácias,
mantendo-os sempre na mesma quantidade.
- Doar engorda
ou emagrece. Nem uma coisa
nem outra, nada é colocado na veia para que a pessoa engorde e o volume do
sangue é rapidamente reposto.
- Se a pessoa
doar uma vez ficará obrigada a doar sempre.
Não, uma pessoa saudável pode doar regularmente, mas a decisão final é
sempre do doador;
- É preciso
estar em jejum para doar. Ao
contrário, o doador deverá ter feito uma refeição leve.
- Doar sangue
vicia. Claro que não, se a pessoa não
doar mais nada vai acontecer.
- O sangue será
comercializado. A
Comercialização de sangue é crime previsto em lei.
Razões para se tornar um doador voluntário e regular
Como
há uma grande necessidade de sangue para o tratamento de diversos pacientes é
muito importante que todas as pessoas se conscientizem e decidam se querem ou
não se tornar doador. O objetivo deste livro é garantir uma quantidade
suficiente e precisa de informação sobre a doação de sangue, para que ninguém seja
impedido de ser doador por falta de conhecimento.
Alguns
dos motivos para ser um doador são morais, como por exemplo:
- Doar sangue é uma boa causa
porque ajuda a salvar vidas.
- Altruísmo, ou seja, desejo de
ajudar aos demais seres humanos.
Outras
razões são mais pessoais, como:
- Receber aprovação dos demais.
- Garantir que sangue suficiente
esteja disponível em caso de necessidade (pessoal ou de uma pessoa
querida).
- Bem-estar físico e mental após a
doação.
- Reposição de sangue usado
(pessoal ou por alguém conhecido).
No
Brasil, onde 50% das doações são para repor o estoque usado pelos pacientes, é
muito comum que uma pessoa comece a doar sangue porque alguém conhecido
precisou de uma transfusão e depois continue a doar voluntariamente apenas para
ajudar a outros (a motivação passa de pessoal para moral).
Quem não pode doar sangue, pode doar suor!
Esse
mote inventado pela “Voluntários do Sangue” hoje é usado em muitos países para
animar àquelas pessoas que adorariam ser doadoras de sangue, mas infelizmente
não podem.
De
forma a proteger o doador de ficar doente por causa da doação e de proteger o
receptor de receber um sangue que possa deixá-lo mais doente, há regras
estritas dizendo quando você pode doar sangue e quando não pode devido a
comportamento de risco, doenças, uso de medicamentos, etc. Essas regras são
feitas por autoridades com base em fatores comprovados cientificamente que
possam afetar a segurança quando da coleta ou transfusão de sangue.
Quem
não pode doar sangue, sempre pode ajudar divulgando a causa para conhecidos e participando
de organizações sociais como que promovem a causa. O trabalho voluntário também
é essencial para garantir a doação de sangue no Brasil.
Voluntária, não remunerada e regular
Altruísmo
significa ajudar aos outros sem esperar nada em troca, mostrando humanidade.
Quando você doa sangue sem ser pressionado por ninguém e sem esperar ser pago,
mas porque você entende que é certo, doar sangue é um ato de altruísmo. O
altruísmo é crucial para manter um sistema de doação voluntário e não
remunerado.
O
Altruísmo está ligado à visão da natureza humana que considera todos como
iguais e a valores como humanidade, responsabilidade, solidariedade e
cidadania.
Além
de afirmar que a doação de sangue deve ser voluntária, a lei brasileira sobre o
fornecimento de sangue, estabelece que ela deve ser não remunerada, de forma
que o dinheiro não se torne uma razão para que alguém doe.
Isso
porque, o pagamento pelo sangue pode levar o doador, por causa do dinheiro, a
não dar informações corretas sobre sua saúde, o uso de medicamento ou condutas
que possam resultar em risco de infecção. Um valor, por menor que seja, pode
tentar o doador a dar sangue muito constantemente ou agir de forma
irresponsável consigo mesmo ou com o paciente que recebe o sangue.
Em
outras palavras, o uso de doadores remunerados poderia aumentar o risco de
receptores serem infectados pelo sangue ou do doador se machucar ao dá-lo. Para
evitar estes riscos, a não remuneração é um princípio internacionalmente
reconhecido e respeitado pela grande maioria dos países.
A
regularidade na doação é importante, principalmente para dar segurança aos
bancos de sangue e hemocentros, garantindo a realização de cirurgias e
tratamentos sem risco de que o sangue falte.
A escolha é sua
Provavelmente
a quantidade de sangue doada por um doador ao longo dos anos não corresponderá
à quantidade de sangue que o mesmo poderia receber em transfusões. A maioria
das pessoas, inclusive, espera nunca passar por uma situação em que precise de
sangue. Entretanto, como sempre existem pacientes que precisam de doações, é
crucial que sempre haja sangue disponível em situações críticas ou
potencialmente fatais.
Por
isso, coletar o sangue de doadores sempre diz respeito a garantir que vidas
possam ser salvas quando em risco.
Se
uma pessoa começar aos 18 anos e doar apenas duas vezes ao ano, não parando até
atingir os 65 anos de idade, contribuirá com 94 bolsas, aproximadamente 42
litros de sangue e poderá salvar até 282 vidas.
Apenas
algo entre 1,7% e 1,8% de brasileiros doam sangue atualmente, segundo dados da
Anvisa, e isso é insuficiente para que o Brasil tenha segurança transfusional.
Estima-se que 5.500 bolsas de sangue sejam necessárias por dia no país.
Além
disso, o número de doadores pode diminuir devido à idade, doenças, e outras
coisas, por isso, é sempre necessário que novos doadores entrem no sistema.
Assim, jovens que podem doar por muitos anos são especialmente incentivados a
participar.
Resumo e questões
Como
cada pessoa é responsável pela própria vida, a sociedade não pode forçar
ninguém a doar sangue. Em outras palavras, a doação de sangue deve ser
voluntária e sem que haja a pressão de ninguém.
Os
doadores de sangue devem ser não remunerados porque a coleta paga gera risco do
doador sentir-se tentado a doar mesmo estando doente ou contaminado. Isso
afetaria a qualidade do sangue e aumentaria o risco do paciente de ser
infectado.
As
razões pelas quais as pessoas não se voluntariam para ser doadoras são parte
emocionais, por exemplo, medo (de agulhas ou em geral), e parte devido a
circunstâncias práticas que a impeçam (horário, distância, etc.).
Dá
mesma forma, como existem vários argumentos para não se doar sangue, há várias
razões para fazê-lo. As razões morais estão ligadas ao desejo de se fazer o que
é certo e bom e de ajudar ao ser humano como um todo. Este argumento está
ligado ao altruísmo (desejo de ajudar aos outros e mostrar humanidade sem
receber nada em troca). As razões pessoais normalmente estão ligadas a algum
tipo de retorno não monetário pela doação.
Pessoas
que não podem doar sangue podem ajudar dedicando tempo e talento pela causa,
como voluntários.
Aproximadamente
1,7% da população brasileira doa sangue e cerca de 5.500 bolsas de sangue são
necessárias por dia. Por isso, é tão importante que cada indivíduo saudável
tome uma decisão e se torne um doador voluntário de sangue.
- Postule dois princípios
importantes e imutáveis da doação de sangue no Brasil.
- Quais as razões para que alguém
se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
- Quais as razões para que alguém
não se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
- O que significa altruísmo?
- Quantas bolsas de sangue são
necessárias no Brasil por dia?
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