domingo, 10 de junho de 2012

Capítulo 11 - Doador de sangue - Ser ou não ser?



Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a porcentagem mínima de doadores de sangue de um país deve ser de 3%. No Brasil, no entanto, apenas 1,7% a 1,8% da população com idade entre 18 e 65 anos doa. Destes, 50% são doações de reposição, feitas por familiares, amigos e conhecidos para pacientes específicos. Este valor é insuficiente para cobrir toda a necessidade de sangue. Este capítulo faz algumas considerações no que existe por trás de ser um doador de sangue e aponta possíveis razões para que uma pessoa não o seja.

Devo ou não devo?

O conhecimento da necessidade de sangue é o primeiro passo para que uma pessoa se torne doador. Sabe-se que a grande maioria das pessoas já escutou falar algo sobre a doação de sangue, algumas até consideraram tornar-se doadoras, mas a maioria nunca realmente chegou a fazê-lo. Existem algumas razões, emocionais e práticas, para isto.

Emocionais: podem estar relacionadas com o desagrado de ir a um hospital (por medo do contato com serviços hospitalares, medo de agulhas normalmente ligadas à sensação de dor; ou ainda, medo de entrar em pânico ou perder o controle sobre si de alguma forma durante a coleta). Ou com a sensação de que a contribuição feita é tão pequena em relação ao tamanho do problema que não existe razão para fazê-la. Doador ou não, a pessoa não sentiria uma mudança perceptível no quadro geral.

Práticas: como a impossibilidade de encontrar um horário conveniente, a distância do banco de sangue, ou a falta de conhecimento dos locais e horários existentes.

Também pode acontecer que essas razões se misturem formando uma explicação perfeitamente conveniente para não doar (»Não tive tempo«), quando na realidade o que existe é o medo de ser exposto a dor ligada com a picada da agulha.

Outra causa comum é a falta de informação que leva algumas pessoas a darem atenção a mitos como:
  • Doar faz mal a saúde. Na verdade, o risco de um acidente durante a doação é muito pequeno. Todo o material é descartável e o volume retirado é reposto rapidamente com a ingestão de líquido.
  • Doar engrossa ou afina o sangue. Nada disso, o organismo controla perfeitamente a reposição de volume e de hemácias, mantendo-os sempre na mesma quantidade.
  • Doar engorda ou emagrece. Nem uma coisa nem outra, nada é colocado na veia para que a pessoa engorde e o volume do sangue é rapidamente reposto.
  • Se a pessoa doar uma vez ficará obrigada a doar sempre. Não, uma pessoa saudável pode doar regularmente, mas a decisão final é sempre do doador;
  • É preciso estar em jejum para doar. Ao contrário, o doador deverá ter feito uma refeição leve.
  • Doar sangue vicia. Claro que não, se a pessoa não doar mais nada vai acontecer.
  • O sangue será comercializado. A Comercialização de sangue é crime previsto em lei.

Razões para se tornar um doador voluntário e regular

Como há uma grande necessidade de sangue para o tratamento de diversos pacientes é muito importante que todas as pessoas se conscientizem e decidam se querem ou não se tornar doador. O objetivo deste livro é garantir uma quantidade suficiente e precisa de informação sobre a doação de sangue, para que ninguém seja impedido de ser doador por falta de conhecimento.

Alguns dos motivos para ser um doador são morais, como por exemplo:
  • Doar sangue é uma boa causa porque ajuda a salvar vidas.
  • Altruísmo, ou seja, desejo de ajudar aos demais seres humanos.
Outras razões são mais pessoais, como:
  • Receber aprovação dos demais.
  • Garantir que sangue suficiente esteja disponível em caso de necessidade (pessoal ou de uma pessoa querida).
  • Bem-estar físico e mental após a doação.
  • Reposição de sangue usado (pessoal ou por alguém conhecido).
No Brasil, onde 50% das doações são para repor o estoque usado pelos pacientes, é muito comum que uma pessoa comece a doar sangue porque alguém conhecido precisou de uma transfusão e depois continue a doar voluntariamente apenas para ajudar a outros (a motivação passa de pessoal para moral).

Quem não pode doar sangue, pode doar suor!

Esse mote inventado pela “Voluntários do Sangue” hoje é usado em muitos países para animar àquelas pessoas que adorariam ser doadoras de sangue, mas infelizmente não podem.

De forma a proteger o doador de ficar doente por causa da doação e de proteger o receptor de receber um sangue que possa deixá-lo mais doente, há regras estritas dizendo quando você pode doar sangue e quando não pode devido a comportamento de risco, doenças, uso de medicamentos, etc. Essas regras são feitas por autoridades com base em fatores comprovados cientificamente que possam afetar a segurança quando da coleta ou transfusão de sangue.

Quem não pode doar sangue, sempre pode ajudar divulgando a causa para conhecidos e participando de organizações sociais como que promovem a causa. O trabalho voluntário também é essencial para garantir a doação de sangue no Brasil.

Voluntária, não remunerada e regular

Altruísmo significa ajudar aos outros sem esperar nada em troca, mostrando humanidade. Quando você doa sangue sem ser pressionado por ninguém e sem esperar ser pago, mas porque você entende que é certo, doar sangue é um ato de altruísmo. O altruísmo é crucial para manter um sistema de doação voluntário e não remunerado.

O Altruísmo está ligado à visão da natureza humana que considera todos como iguais e a valores como humanidade, responsabilidade, solidariedade e cidadania.

Além de afirmar que a doação de sangue deve ser voluntária, a lei brasileira sobre o fornecimento de sangue, estabelece que ela deve ser não remunerada, de forma que o dinheiro não se torne uma razão para que alguém doe.

Isso porque, o pagamento pelo sangue pode levar o doador, por causa do dinheiro, a não dar informações corretas sobre sua saúde, o uso de medicamento ou condutas que possam resultar em risco de infecção. Um valor, por menor que seja, pode tentar o doador a dar sangue muito constantemente ou agir de forma irresponsável consigo mesmo ou com o paciente que recebe o sangue.

Em outras palavras, o uso de doadores remunerados poderia aumentar o risco de receptores serem infectados pelo sangue ou do doador se machucar ao dá-lo. Para evitar estes riscos, a não remuneração é um princípio internacionalmente reconhecido e respeitado pela grande maioria dos países.

A regularidade na doação é importante, principalmente para dar segurança aos bancos de sangue e hemocentros, garantindo a realização de cirurgias e tratamentos sem risco de que o sangue falte.
A escolha é sua

Provavelmente a quantidade de sangue doada por um doador ao longo dos anos não corresponderá à quantidade de sangue que o mesmo poderia receber em transfusões. A maioria das pessoas, inclusive, espera nunca passar por uma situação em que precise de sangue. Entretanto, como sempre existem pacientes que precisam de doações, é crucial que sempre haja sangue disponível em situações críticas ou potencialmente fatais.

Por isso, coletar o sangue de doadores sempre diz respeito a garantir que vidas possam ser salvas quando em risco.

Se uma pessoa começar aos 18 anos e doar apenas duas vezes ao ano, não parando até atingir os 65 anos de idade, contribuirá com 94 bolsas, aproximadamente 42 litros de sangue e poderá salvar até 282 vidas.

Apenas algo entre 1,7% e 1,8% de brasileiros doam sangue atualmente, segundo dados da Anvisa, e isso é insuficiente para que o Brasil tenha segurança transfusional. Estima-se que 5.500 bolsas de sangue sejam necessárias por dia no país.

Além disso, o número de doadores pode diminuir devido à idade, doenças, e outras coisas, por isso, é sempre necessário que novos doadores entrem no sistema. Assim, jovens que podem doar por muitos anos são especialmente incentivados a participar.

Resumo e questões

Como cada pessoa é responsável pela própria vida, a sociedade não pode forçar ninguém a doar sangue. Em outras palavras, a doação de sangue deve ser voluntária e sem que haja a pressão de ninguém.

Os doadores de sangue devem ser não remunerados porque a coleta paga gera risco do doador sentir-se tentado a doar mesmo estando doente ou contaminado. Isso afetaria a qualidade do sangue e aumentaria o risco do paciente de ser infectado.

As razões pelas quais as pessoas não se voluntariam para ser doadoras são parte emocionais, por exemplo, medo (de agulhas ou em geral), e parte devido a circunstâncias práticas que a impeçam (horário, distância, etc.).

Dá mesma forma, como existem vários argumentos para não se doar sangue, há várias razões para fazê-lo. As razões morais estão ligadas ao desejo de se fazer o que é certo e bom e de ajudar ao ser humano como um todo. Este argumento está ligado ao altruísmo (desejo de ajudar aos outros e mostrar humanidade sem receber nada em troca). As razões pessoais normalmente estão ligadas a algum tipo de retorno não monetário pela doação.

Pessoas que não podem doar sangue podem ajudar dedicando tempo e talento pela causa, como voluntários.

Aproximadamente 1,7% da população brasileira doa sangue e cerca de 5.500 bolsas de sangue são necessárias por dia. Por isso, é tão importante que cada indivíduo saudável tome uma decisão e se torne um doador voluntário de sangue.

  1. Postule dois princípios importantes e imutáveis da doação de sangue no Brasil.
  2. Quais as razões para que alguém se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
  3. Quais as razões para que alguém não se torne doador de sangue e como você pode agrupá-las?
  4. O que significa altruísmo?
  5. Quantas bolsas de sangue são necessárias no Brasil por dia?

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